Nos últimos três textos publicados, falei dos três signos do
elemento fogo: Áries, Leão e Sagitário. O último texto publicado foi sobre
Sagitário e em sua derradeira sentença lembrei ao leitor que “os limites de
nossa expansão e liberdade somente podem ser assimilados a partir da
compreensão da simbologia da tríade do elemento terra”.
Portanto, passo agora a tratar da simbologia dos signos do
elemento terra: Touro, Virgem e Capricórnio. O presente artigo tratará do signo
de Touro.
Enquanto o elemento fogo estava vinculado ao espírito e ao
ser, o elemento terra está associado à nossa capacidade e necessidade de lidar
com o mundo material. Consequentemente, também representa o mundo do ter.
É a existência do elemento terra no Zodíaco que nos ensina
que, embora o ser e a vida espiritual sejam importantes, estamos encarnados em
um mundo material, de modo que é preciso lidar com a vida como ela é.
Em Áries, o Zodíaco nos ensina que nosso primeiro instinto é
o de nascer e existir, sendo necessário, para tanto, força, coragem e
iniciativa. O segundo signo do Zodíaco, Touro, nos ensina que para sobreviver é
preciso comer, utilizar os cinco sentidos, ter os pés no chão, transformar a
força criativa em realização, ganhar dinheiro e compreender o valor de si mesmo
e das coisas.
A essência de Touro vem bem retratada nos bebês entre as
idades de 1 a 3 anos. Já reparou como eles delimitam a sua individualidade por
meio de atitudes possessivas? Começam a comer qualquer comida sólida, resistem
furiosos a dividir brinquedos e alimento e passam a transformar a matéria com
lápis de cor, brinquedos de montar e encaixar. Essa etapa é a externalização da
simbologia do signo de Touro.
Touro, o primeiro signo de Terra, está associado com os
desejos e as posses. Sua simbologia retrata a importância de aprendermos a
dominar os nossos desejos a fim de que não sejamos controlados por eles.
É também o signo associado aos cinco sentidos, a arte, a
apreciação pela boa comida e aos prazeres, retratando que, enquanto humanos,
devemos dar valor ao que nos sustenta, alimenta e dá prazer.
A natureza taurina ensina que o sagrado também está na
matéria que nos permite sobreviver, nos sustentar e ampliar a nossa marca
material no mundo. A simples existência de Touro no Zodíaco (o mapa do
universo) é um retrato claro de que a lógica da miséria está equivocada, pois o
sustento e os prazeres também são sagrados. O que não é sagrado é deixar-se
dominar por eles ou se perder na armadilha do apego. O contraponto de Touro é o
Escorpião, signo de água e que simboliza justamente o desapego, mostrando que
saber lidar com a matéria passa pela etapa de compreender a sua mortalidade.
Esse ensinamento fica mais claro pelo estudo do símbolo que
representa o planeta Vênus, regente astrológico do signo de Touro. Vênus, na
mitologia romana era a Deusa do amor e também representava as artes e o belo.
Isso vem retratado no símbolo astrológico de Vênus, que é um
círculo sobre uma cruz, conforme a imagem abaixo:
O círculo simboliza o espírito e a cruz representa a
matéria. Portanto, o símbolo referido retrata o espírito sobre a matéria. Em
Touro isso representa a necessidade de domínio dos desejos e das posses e não o
contrário. Isto é, Touro vem nos ensinar que nós devemos ser donos de nossos
desejos e dinheiro e jamais nos deixar dominar ou escravizar por esses.
Ainda, conforme mencionado anteriormente, Touro também trata
do desenvolvimento de um sentido de autovalorização e valorização das coisas,
do mundo material. Em outras palavras, estamos aqui na fase psicológica do
desenvolvimento de um sistema de valores.
Pois é justamente esse sistema de valores interno que
determinará quem é o dono de quem, isto é, se o espírito estará sobre a matéria
ou o contrário. Perceba que a maneira como você escolhe ganhar e gastar o seu
dinheiro traduz de modo concreto os seus valores e prioridades.
O quanto você concorda em pagar por algo é uma tradução do
quanto você entende que tem valor aquele objeto e o trabalho necessário à sua
produção e isso refletirá em como o seu trabalho e você são valorizados. Dessa
forma, pagar muito por algo que vale pouco ou exigir preços muito inferiores ao
real valor de um bem ou serviço retratam um sistema de valores interno e
pessoais bastante distorcido. Em qualquer caso, essas distorções, quando
adotadas socialmente, resultam não em fartura ou abundância, mas em pobreza e
carência.
Daí porque, astrologicamente, Vênus simboliza não apenas o
amor e a compaixão, mas também o modo como lidamos com o dinheiro e a matéria.
Sem a compaixão guiando os valores, ganhos e gastos, o resultado não é a
riqueza, mas a pobreza, tanto material como de espírito.
No que se refere à associação de Vênus com o amor, devemos
nos lembrar que o Sol adentra no signo de Touro no auge da primavera do
hemisfério norte, retratando um solo fértil, coberto de flores coloridas,
árvores frondosas e animais em fase de acasalamento. Enfim, Touro representa a
fertilidade em flor, a abundância. Mas, para tanto, é necessário compaixão. É
essa compaixão a base para a estruturação de um sistema de valores sólido que
resultará em abundância material, a fim de que possamos nos sustentar e
desfrutar dos prazeres da vida. É da compaixão que resulta a abundância
representada pela primavera.
Por essa razão, Touro (e seu regente, Vênus) simboliza as
artes, pois a arte é o resultado final do espírito sobre a matéria, isto é, da
aplicação de nossa criatividade sobre o mundo material para que algo novo e
belo surja. É a existência de Touro que nos ensina que, se o espírito de fogo
quiser se manifestar na Terra, é preciso aprender a lidar com compaixão e com a
matéria, de modo a transformá-la a contento.
Igualmente, Touro representa as forças da natureza em
relação às quais não temos qualquer controle e que podem, sim, nos destruir
tanto quanto encantar as nossas almas e olhos. E, sob o ponto de vista
psicológico, essa redenção aos limites terrenos se dá por meio da paciência, da
noção de que tudo tem o seu tempo e que é preciso plantar se quisermos colher.
O impulso ansioso de Áries encontra seus limites no tempo da
matéria, nos ciclos da natureza que impedem que tudo aconteça quando queremos,
mas que nos força a aprender a lidar com aquilo que é e esperar que a semente
germine.
Enfim, ao adentrarmos o domínio do elemento terra, nossa
força interior de ser precisa aprender com a experiência empírica. Em Touro,
essa força encontra seus limites nas leis da natureza e do universo e precisa
se render a elas. Aqui, a alma aprende a viver a vida como ela é, aprende a
louvar a matéria e cuidar dela com compaixão para que lhe dê frutos que lhe
permitam se sustentar, viver e desfrutar dos prazeres da vida e da realização
do espírito advinda da construção.
Em suma, quando você se pegar pensando que a miséria é a
redenção, lembre-se de Touro e repense as suas crenças. É nessa etapa da
simbologia que aprendemos que o dinheiro é limpo, desde que advenha de um
sistema de valores em que o espírito esteja sobre a matéria em uma aliança
voltada à compaixão desapegada. Aprender a lidar com o mundo material é tão
importante quanto lidar com o mundo espiritual e emocional, pois é na matéria
que encontramos o nosso sustento e os meios que nos possibilitarão engrandecer
as nossas mentes e espíritos e, assim, transformar o mundo criando o belo.
Duvida? Na era de Touro, o Egito Antigo encontrou o seu apogeu e as obras
artísticas e arquitetônicas dessa e de outras civilizações persistem até hoje
e, em muitos casos, são consideradas patrimônio da humanidade, como prova
concreta da estabilidade e compaixão desse signo, das quais derivam criações
que engrandecem a vida e encantam a alma.
Confira também:
ÁRIES - TOURO - GÊMEOS - CÂNCER - LEÃO - VIRGEM - LIBRA - ESCORPIÃO - SAGITÁRIO - CAPRICÓRNIO - AQUÁRIO - PEIXES
Por: Mia Vilela