Virgem, o segundo signo da tríade dos signos de Terra e o
sexto signo na ordem zodiacal, deriva da palavra em latim “virgo”. Liz Greene
ensina que “virgo” em latim significava “solteira” ou “dona do próprio nariz”
e, portanto, não tinha qualquer conotação sexual, mas sim de independência.
De fato, a simbologia de Virgem, signo do elemento Terra, se
assemelha muito mais à independência, ao fazer você mesmo, produzir, do que a
uma pureza sexual oriunda de um ideal em nada prático ou realista. Estamos no
domínio da terra e, portanto, longe das nuvens do idealismo.
O signo de Virgem está associado ao serviço, ao trabalho que
dá os frutos que garantem toda a assistência necessária. Também pudera, a sua
qualidade é mutável, simbolizando a terra arada que dá frutos, desde que seus
ciclos sejam respeitados.
Virgem se associa à etapa do desenvolvimento humano em que
devemos aprender a lidar com os ciclos da vida material da terra, da
agricultura. Não por acaso, é o signo associado à nutrição, à dieta, à
alimentação saudável e à saúde.
Por sua vez, aprender a lidar com os ciclos da terra
significa aprender a respeitar o tempo das coisas, significa a paciência de
arar, adubar, enfim, servir, para somente então usufruir dos frutos. Significa,
igualmente, a sabedoria de que nada cai do céu e que milagres somente acontecem
a quem colabora.
É na etapa de Virgem que o Zodíaco ensina à humanidade o
valor do trabalho. Se em Touro aprendeu-se o valor do dinheiro e da matéria, em
Virgem aprende-se que tudo isso demanda esforço, paciência e muito respeito. Afinal,
o desrespeito à terra a torna árida e a consequência é a fome.
Nesse sentido, a existência dos signos de terra no Zodíaco
visa a nos ensinar a importância de respeitarmos o mundo em que vivemos,
inserido na dimensão do tempo. As lições sobre o tempo serão mais propriamente
aprendidas através de Capricórnio, mas, para que isso seja possível, o conceito
de Virgem de que é do trabalho que nascem os frutos precisa ser compreendido. E
esse nascimento, por sua vez, demanda tempo; o tempo da terra, da matéria.
É na simbologia de Virgem que o amor e respeito à natureza e
aos animais deve ser aprendido. A humanidade que não aprende esse conceito
jamais conseguirá concretizar seus anseios capricornianos (o terceiro signo de
Terra), pois nenhum sucesso será duradouro, já que o solo sobre o qual tudo de
sustenta e de onde todos nos alimentamos estará estéril.
E mais, em Virgem, o Zodíaco pretende elucidar que todo o
trabalho feito deve ter um fim prático. Se em Touro esculpia-se o barro por
amor ao belo e à arte; em Virgem o barro vira casas, pontes, templos e todas as
obras de arquitetura. A arte de Virgem deve ter utilidade prática e atender ao
maior número de pessoas possíveis.
Portanto, é aqui que se pretende iluminar a humanidade no
sentido de que suas criações devem, também, atender às necessidades do dia a
dia, mas nem por isso deixar de ser belas. Também o seu trabalho deve ter
frutos que atendam à coletividade e não frutos egoístas, pois nenhuma forma de
egoísmo na natureza jamais obteve sucesso. E, lembre-se, sucesso e durabilidade
também são anseios humanos que aprenderemos em Capricórnio.
Para tanto, Virgem vem regido pelo planeta Mercúrio, o qual
representa a inteligência e a capacidade de raciocínio. Aqui, Mercúrio revela a
sua face crítica, necessária ao discernimento do que serve/tem utilidade e do
que não serve/deve ser eliminado. Com efeito, na natureza, as espécies que não
se mostraram eficientes, hábeis a se adaptarem e contribuírem para o todo
desapareceram. Essa é a lógica representada por Virgem e esse é o bom uso de
seu discernimento e senso crítico.
Diante disso, ao considerarmos o Zodíaco como o mapa da
humanidade, devemos nos atentar para o fato de que, caso nossa inteligência (i)
não seja usada com esse senso crítico, visando resultados práticos; (ii) não
seja embasada em um sério respeito ao solo e à natureza que nos oferecem a base
da sobrevivência, ou (iii) se deixe dominar pelo ego (lembre-se de que Leão é o
signo imediatamente anterior a Virgem no Zodíaco), de modo que o trabalho não
resulte em frutos para todos, fatalmente nossa espécie, por não ter aprendido a
lidar com a matéria nem a limitar o seu ego, perderá seu direito de existir. A
terra não admite desrespeito e nenhuma outra espécie inapta a contribuir para o
todo subsiste.
Aprender a lidar com a matéria é de suma importância a nossa
existência e subsistência, não apenas física, mas também espiritual. Lembre-se
de que, sem a experiência da matéria, o espírito não atinge todo o seu
potencial. Tanto é assim que o signo oposto a Virgem é Peixes, o último signo
do Zodíaco, o signo simbolizado pela espiritualidade, pela integração ao todo,
pelo amor universal. Para se chegar ao 12º, todos os signos de Terra já foram
“trabalhados”.
Apenas após vencidas as 12 etapas simbolizadas pelo 12
signos do Zodíaco, pelos 12 Apóstolos e por tantas outras simbologias
presentes, é que chegaremos ao 13º: o número do amor incondicional, daquele
que, por não mais precisar dessas doze etapas, transcende (daí a simbologia de
que o 13º à mesa, Cristo, morre, pois já compreendeu cada uma das 12 etapas).
Mas, para chegar lá, é preciso aprender a lidar e respeitar
o que cá está. Então, vamos refletir sobre Virgem e sobre como estamos lidando
com essa parte de nossas vidas.
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