Inércia


Charles Darwin e Isaac Newton encaminharam os seres humanos a reinterpretação de sentidos a respeito da existência, do mundo e do universo.

Mostraram que no fundo tudo ao redor obedece a ordens puramente físicas e biológicas.

Darwin, de certa forma, derrubou a perspectiva adâmica e metafísica cristã com sua noção a respeito da evolução das espécies. Emprestou aos seres vivos e ao homem uma mesma transmissão de ordem natural, tirando de nós qualquer pretenso “cosmocentrismo” referente ao surgimento de nossa espécie. E Newton, com sua mecânica, apresentou o mundo e o espaço entre pedras e inércia, uma espécie de “quebra cabeças” vazio de sentido entre leis e cálculos metodológicos.

A Ciência moderna mostrou a nós que tudo [.na realidade concreta das coisas.] talvez fosse mais vazio e complexo do que pudesse teorizar a teologia cristã [.que até meados do milênio passado dominava o mundo.]. Tal discernimento assustou a humanidade, pois com essas proposições científicas acabou por calar o universo, substituindo seu véu puramente moral [.interpretado pela fé.] por um semblante de breu e imensidão inexplorada [.terreno propício para a “razão dialética”.].

Em paralelo, fomos através da modernidade descobrindo uma outra ciência que viria ditar regras e mudar parâmetros sobre as relações humanas. O capitalismo [.a ciência do dinheiro, da prosperidade e da pobreza.] ditaria a partir de então as virtudes [.com suas resoluções econômicas e contábeis.], dando cabo não só de nossa conta bancária, mas também nossas relações pessoais, nossas decisões existenciais, nossas escolhas profissionais, enfim, a totalidade das nossas vidas. 

O capitalismo estabeleceu [.ao longo de sua consolidação.] a ordem de poderes e dominação, chefes e empregados, o trânsito de interesses, troca de favores, preços de mão de obra, riqueza e miséria [.lucros e concentração de renda nas mãos de poucos entre a multidão.].

A ciência da natureza (Darwinista e Newtoniana) silenciou o universo; a ciência do dinheiro (O Capitalismo) devastou as relações humanas. E o ser humano hoje perambula em meio a esse colapso [.que não data 400 anos em nossa história.]. E entre as ciências que conduzem e dão matizes pragmáticos as nossas vidas, fica a questão. Fizemos todas as experiências possíveis para uma real transformação evolutiva da sociedade e do ser humano?

Franz Kafka, talvez respondesse diante dessa questão que a batalha contra o mundo das pedras, da inércia e do dinheiro é uma batalha perdida. 

E nós? Fazemos experiências para alguma transformação social e evolução de nosso ser e dos semelhantes?


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