Por: Fernando Ribeiro
A primeira tarefa quando começamos a estudar as "ciências humanas" é [.parar com a rebeldia.]... Sim!!! Os professores e os escritores que conhecemos, a princípio, nos induzem a pesquisar e falar menos, a desconfiar mais e acreditar menos, observar mais e agir menos; pelo menos no que concerne a atividade intelectual.
É!!! No começo é muito difícil isso, mas é o básico pra quem se propõe a refletir a filosofia que o Homem ao longo das eras foi capaz de produzir aqui na Terra, sua ciência política dos sistemas de governos modernos [.desde a Revolução Francesa pra cá.], a história e os "sintomas" de tudo o que circula nos debates públicos a nossa volta...
[.Olha só.] Dessa forma, muitos Hippies da década de 60, Yuppies da década de 70, punks da década de 80, se tornaram grandes pensadores, com amplas perspectivas a respeito das coisas depois de refletirem com mais afinco as bagaças do mundo. Largaram suas rebeldias primitivas e as transformaram numa articulação desapegada do senso comum, com profundidade intelectual, principalmente por terem seguido conselhos de seus professores na faculdade.
Como todos os interessados no mundo das idéias, esses "jovens" chegaram no primeiro dia de aula querendo mudar o mundo e as "coisas", e ao longo do curso foram percebendo que essas tais "coisas" eram um pouco mais complexas do que simplesmente culpar a mãe e o pai, os políticos, o Estado, o capitalismo, etc [.por todas as ranhuras humanas e sociais.]...
Saca aquele papo do Sócrates? "Só sei que nada sei"... Então!
Hippies, Yuppies, Punks uma hora tiveram que trocar convicções e ideologias por algo maior..
É muito bom que hoje tenhamos tanta gente interessada pelo debate público, pela articulação intelectual e por política no Brasil; gente essa que nem lê tanto, quando muito um jornaleco aqui, uma revisteca Veja ali, assistindo um programa global acolá, e carregando consigo um certo "despertar" e uma rebeldia para com o governo e as "coisas"... Uma rebeldia tal como se tudo de ruim que existisse na política e na convivência socioeconomia tivesse surgido num ínterim de mais ou menos dez anos.
É um fenômeno comum; todo mundo em algum momento da existência acha que acordou para o Matrix da vida, acha que descobriu a América... A diferença entre os Hippies, Yuppies e Punks é que não carregavam em suas rebeldias o saudosismo do brasileiro revoltado e de direita...
Um bom e experiente professor falaria a esses "novos" revoltados brasileiros somente uma coisa: Pesquise mais e fale menos, desconfie mais e acredite menos, observe mais e aja menos... Pois no campo das idéias a rebeldia compõe muito pouco... Pois pensar não é algo inato [.que nasce com o ser humano.]; é algo que se aprende e se lapida...
A rebeldia [.em sua pressa.] as vezes cria e culpa monstros inexistentes simplesmente por conter um pendor Quixotesco que "male male" consegue arrumar a própria cama; imagine o mundo rs...
Troquemos então essa rebeldia por algo mais produtivo, vai... Pois da rebeldia dos Hippies, Yuppies e Punks temos a arte, a estética e a música para apreciar... Mas dessa rebeldia seletiva no Brasil para com tudo e com todos muito pouco está nos servindo...
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