12 de jul. de 2017

Conheça a Teosofia

Teosofia é o termo genérico para o pensamento filosófico e religioso, tentando por meio da filosofia e do misticismo obter um conhecimento mais profundo de Deus e do divino.

O nome teosofia aparece no terceiro século da nossa era, cunhado por Amônio Sacas, fundador da Escola Eclética de Alexandria e pai do Neoplatonismo. Seu conceito porém existe há mais tempo. Diógenes Laércio comenta que ele já era conhecido antes da Dinastia Ptolomaica do Egito e nomeia como seu formulador um hierofante chamado Pot Amum. Na Idade Média, Jacob Boehme era conhecido como um teosofista, e o termo novamente foi utilizado nos Anais Teosóficos da Sociedade de Philadelphia, publicado em 1697, encontrando ainda correspondência na filosofia hindu, onde “teosofia” equivale a Brahma-Vidya, conhecimento divino. A palavra ganhou notoriedade a partir da fundação da Sociedade Teosófica por Helena Petrovna Blavatsky e outros, em 1875.


A palavra “teosofia” vem do grego theos (D´us) e sophos (sabedoria), ou seja, a “sabedoria divina”. Alguns autores dizem que o termo não foi inventado por Blavatsky, mas que ele já existia no Egito durante o reinado dos ptolomeus – e também na Índia.

Helena costumava definir a Teosofia como “o substrato e a base de todas as religiões e filosofias do mundo, ensinada e praticada por uns poucos eleitos, desde que o homem se converteu em ser pensador”. Considerada do ponto de vista prático, é puramente ética divina ou “a teosofia não é uma nova candidata à atenção do mundo, mas é apenas uma declaração nova de princípios que têm sido reconhecidos desde a infância da humanidade, composta pelo Hinduísmo, Taoísmo, Budismo, Cabala, Gnose, Hermetismo, Cristianismo, entre outros”.

Para os teosofistas, este corpus de conhecimento, a Sabedoria Divina, com a ética a ele associada, é tão antigo quanto o mundo, e a rigor é o único conhecimento que vale a pena ser adquirido. Sua realidade e importância são relembradas às pessoas periodicamente, sob diversas denominações e formalizações, adequadas ao espírito de cada época, local e povo para quem é apresentado, e é o tronco vivo e eterno de onde brotam as flores do ensinamento original todas as grandes religiões do mundo, do passado e do presente.

Conhecida em círculos iniciáticos como “HPB”. Helena nasceu em 1831, na Ucrânia, aos 17 anos, casou-se com um homem chamado Nikifor Vassilievitch Blavatsky, daí o seu sobrenome, que na grafia correta em russo, seria algo como Blavatskaya, pois nessa língua, sobrenome tem gênero. Filha de uma escritora e de um coronel, Blavatsky foi praticamente criada pelos avós, depois do falecimento de sua mãe. Vivendo em um ambiente rico culturalmente, ela tocava piano e já manifestava poderes psíquicos, estudava esoterismo, sofrendo também forte influência do bisavô maçom. Bastante interessada nesses assuntos, viajou por vários países, no intuito de pesquisar.

Como era comum naquela época, casou-se muito cedo, aos 17 anos, com Nikifor Blavatsky, um homem muito mais velho e rico. Helena aceitou o casamento na esperança de se tornar independente. Só que seu relacionamento foi uma frustração, na própria lua de mel ele fugiu de seu marido indo para Constantinopla e iniciando um longo período de viagens pelo mundo.

A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Iorque e é uma comunidade de observação do mundo que procura ligar o ocultismo e o espiritualismo do século 19 com ideias hinduístas e budistas. Os objetivos da comunidade são a promoção da sabedoria oriental, a unidade da ciência e da religião, assim como a perfeição do homem por meio do conhecimento ancestral em que as religiões são baseadas. A purificação das almas, de acordo com Helena, realizava-se em uma série de encarnações.

Basicamente a Teosofia prega a fraternidade universal, a origem espiritual das formas e dos seres, e a unidade de toda a vida; aponta uma fonte única e eterna para todo conhecimento, demonstra a identidade essencial entre os grandes mitos das culturas mundiais, traça o perfil da estrutura do cosmo e do homem e descreve os mecanismos, suas leis, suas potencialidades e suas transformações ao longo dos aeons.

Apesar de recomendar o esforço próprio em busca do crescimento pessoal e uma vigilância incessante contra o auto-engano e a fé cega, ainda assim defende a Revelação, uma vez que declara a existência de mundos e estados de consciência presentemente inacessíveis à pessoa comum. Mas diz que todos seremos capazes de atingi-los um dia, se não nesta vida, numa vindoura. Defende com isso, também a evolução da vida e do Homem, e a existência de Homens Perfeitos, os Mahatmas ou Mestres de Sabedoria. Estes Mestres, uma vez homens imperfeitos como nós, evoluíram para um estágio super-humano, de onde ora velam pela raça humana dando-lhe ensinamento, diretamente ou através dos mensageiros os Profetas e Santos de todas as religiões, e auxílios inumeráveis como agentes da Providência e da Justiça Divinas, e mesmo aparecendo visivelmente entre os irmãos menos evoluídos, quando os tempos o exigem, para dar-lhes conforto, direção e inspiração, e reacender nos corações um amor mais intenso pelo divino.

A Teosofia diz que a fonte de todo mal é a ignorância. O conhecimento, segundo prega, é ilimitado, mas se bem que sua totalidade esteja além do alcance de qualquer ser individual, é em vasta medida acessível a todos através de um longo processo de evolução, aprendizado e aperfeiçoamento, que necessariamente exige múltiplas encarnações, e continua até mesmo para regiões e idades onde a encarnação deixa de ser compulsória e a vida progride de beatitude em beatitude. A Teosofia é uma doutrina essencialmente otimista, pois refuta qualquer condenação eterna e não nega o mundo, ainda que declare que este que vemos e tocamos não é o único nem o maior, mais feliz ou mais desejável, e prevê para todos os seres sem exceção um progresso constante e um destino glorioso e absolutamente feliz. Como todas as grandes doutrinas espirituais, a Teosofia exalta o bem, a paz, o amor, o altruísmo, e promove a cessação da pobreza, da ignorância, da opressão, das discórdias e desigualdades.

Apesar de reconhecer a importância das religiões em estado mais puro como disseminadoras de ensinamentos importantes, não é uma filosofia teísta, se bem que possa ser descrita como panteísta, já que como um dos Mahatmas declara com rigor cartesiano, a existência de Deus como uma entidade distinta do universo dificilmente pode ser provada, mas reconhece níveis diferentes de evolução entre os seres, numa escada graduada que se ergue a alturas insondáveis.

Helena Petrovna Blavatsky alegava ter visões de um dos membros da Fraternidade Branca, conhecido como mestre Morya. Logo após alcançar independência, HPB correu o mundo todo, estudando, inclusive passando por um período de estudos no Tibete, aliando conhecimento adquirido às suas experiências psíquicas.

Em 1871, foi para o Egito e fundou uma sociedade espírita, onde se realizavam estudos à respeito das teorias do francês Allan Kardec, que ficou famoso nas pesquisas de fenômenos espíritas. Com o tempo, HPB foi interpretando os ensinamentos de Kardec segundo sua vivência e acrescentando teorias esotéricas e outras, fruto de seus estudos e viagens pelo mundo. Publicou diversos livros e revistas e se tornou famosa no mundo todo pelas suas teorias e seus estudos. Acusada pelos seus inimigos de fraudadora, Helena não se intimidou e continuou a propagar a sua obra.
  

Objetivos da Sociedade Teosófica:

  • Formar um núcleo de Fraternidade Universal da Humanidade sem distinção de raça, sexo, credo, casta ou cor.
  • Encorajar o estudo comparativo das religiões, filosofias e ciências.
  • Investigar as leis inexplicadas da natureza e os poderes latentes do homem.



A Sociedade Teosófica era uma sociedade secreta, onde os estudos e conhecimentos eram revelados apenas aos membros atuantes. O antroposofista Rudolf Steiner (criador da pedagogia alemã Waldorf) fazia parte da sociedade, entretanto, acabou revelando ao mundo alguns dos estudos secretos. Aos poucos, a sociedade foi se tornando conhecida e alistando cada vez mais membros e simpatizantes.

A Teosofia teve um papel fundamental e revolucionário na evolução do pensamento moderno do ocidente. No contexto intelectual e espiritual da época em que apareceu, embora jamais tenha reivindicado para si o status de nova religião, a Teosofia como exposta por Blavatsky representou na prática a proclamação de um novo Evangelho universal, combatendo a forte tendência materialista da ciência em rápido desenvolvimento, e que estava a esvaziar, com os novos conhecimentos que trazia à luz sobre o mundo manifesto, as instituições religiosas que continuavam a pregar suas histórias piedosas mas irracionais, as quais começavam a se tornar um estorvo para o futuro desenvolvimento da raça humana, com perigo de uma perda generalizada da fé. Sua linguagem moderna traduziu e atualizou para o homem de hoje uma série de conceitos importantes da espiritualidade antiga que já estavam obscurecidos e fossilizados pela poeira secular das sucessivas más interpretações, e por isso tornados inaceitáveis à nova mentalidade que surgia e que iniciava a questionar as bases da fé em múltiplos aspectos, a partir da desafiadora massa de evidências e conclusões, dificilmente contestável, produzida pelos cientistas. O conhecimento que expôs e a forma em que o fez operou uma poda radical nas intrincadas e tortuosas excrescências conceituais que faziam definhar a árvore das religiões do ocidente, tornando mais uma vez claro, nítido e atraente o tronco vivo, o que para muitos foi motivo de um reacender da devoção perdida, mas ora em novas bases.

Com sua abordagem lógica, positiva, ética e científica da natureza, do divino, do homem, da vida, do misticismo e dos fenômenos ocultos, exerceu grande influência em estadistas como Gandhi, cientistas como Einstein e artistas como Mondrian, Scriabin e Fernando Pessoa. . É de se frisar, contudo, que Gandhi nunca considerou a possibilidade de aceitar-se como membro da Sociedade Teosófica, negando todos os convites feitos. Ao dar-se conta das críticas severas e fundamentadas que a Teosofia tinha já desde sua origem, Gandhi deixou claro que, de forma alguma, se renderia associar seu nome a esta sociedade. A Teosofia também influenciou artistas como Mondrian, Scriabin e Yeats. Além disso, deu subsídios a Igrejas progressistas como a Igreja Católica Liberal, originou um sem-número de escolas, dissidências e derivações mais ou menos inspiradas, e deu um impulso ao renascimento de cultos arcaicos ou à fundação de outros de tom futurista que são encontráveis na cultura ocidental de hoje, como os movimentos Wicca e New Age.

No Brasil, existem movimentos teosofistas, entre eles a Sociedade Brasileira de Eubiose e a Sociedade Teosófica do Brasil.


Fonte.  
Revista Leituras da História Ed. 88
http://noitesinistra.blogspot.com.br
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário