16 de mai. de 2017

Xangô; Teogonia de Umbanda - Por: Rubens Saraceni

Orixá Xangô
Olorum gera tudo de Si, e uma de suas gerações é a Justiça Divina, que dá o devido equilíbrio a tudo o que gera. Essa sua qualidade equilibradora está em tudo e em todos, e mantém toda a Criação Divina em equilíbrio e harmonia, dando a tudo um ponto de equilíbrio.

Olorum gerou nessa sua qualidade equilibradora de tudo e de todos uma divindade que é em si mesma o Equilíbrio Divino que dá sustentação a tudo o que existe, tanto animado quanto inanimado, surgindo o Trono da Justiça Divina, Divindade unigênita porque é o Orixá do equilíbrio, da razão e do Juízo Divino.



Deus é justo e tudo o que gera, gera com equilíbrio, pois tudo atende a uma vontade sua, às suas criaturas, espécies e seres. E Xangô, o Orixá da Justiça, independe de nossa vontade para atuar sobre nós, já que ele é em si mesmo essa qualidade equilibradora do nosso Divino Criador.

Xangô, por ser unigênito e ter sido gerado em Deus, é em si mesmo a Justiça Divina que purifica nossos sentimentos com sua irradiação incandescente, abrasadora e consumidora das emotividades.

Mas Xangô, como Qualidade Divina, está na própria gênese das coisas como a força coesiva que dá sustentação à forma que cada agregado assume, ou seja, ele está na natureza das coisas como o próprio equilíbrio, pois só assim elas não deixam de ser como são. Ele tanto é o ponto de equilíbrio que dá sustentação a estrutura atômica de um átomo como é a força que dá estabilidade ao universo e a tudo o que nele existe, seja animado, seja inanimado.

Xangô também gera em si a qualidade em que foi gerado. Mas ele também gera de si essa sua qualidade equilibradora e a transmite a tudo e a todos.

Quem absorvê-la torna-se racional, ajuizado e ótimo equilibrador, tanto dos que vivem à sua volta como do próprio meio em que vive. Um juiz é um exemplo bem característico dessa qualidade equilibradora irradiada por Xangô, e não importa que o juiz seja um "filho" de outro Orixá, pois a manifestará naturalmente, já que a justiça humana é a concretização da Justiça Divina no plano material.

Um juiz não consegue dissociar-se da qualidade da Justiça, à qual serve com toda a sua capacidade mental e intelectual, mas nunca emotivamente, pois é um racionalista nato.

Essa qualidade equilibradora está presente em todos os processos divinos (criação e geração). Por isso, assim que algo alcança seu ponto de equilíbrio, o processo criador ou gerador é paralisado e o que foi criado ou gerado estabiliza-se e adquire uma definição só sua que o qualificará dali em diante.

Com isto explicado, podemos entender a importância que tem essa Qualidade Divina, que na Umbanda a vemos nos procedimentos retos, justos e ajuizados dos Caboclos de Xangô. Por isso, quando evocamos a presença dele, só o fazemos se for para devolver o equilíbrio e a razão aos seres e procedimentos desequilibrados ou emocionados, ou para clamar pela Justiça Divina, que atuará em nossa vida anulando demandas cármicas, magias negras, etc., devolvendo-nos a paz, a harmonia e o equilíbrio mental, emocional, racional e até nossa saúde, pois, para estarmos saudáveis, devemos estar em equilíbrio vibratório também no corpo físico.

Observem que o equilíbrio proporcionado por Xangô não se limita apenas a um aspecto de nossa vida, já que ele, como qualidade equilibradora, está em todos.

Xangô é o Trono de Deus gerador e irradiador do fator equilibrador, mas o limitamos quando deixamos de recorrer a ele para ajudar-nos em todos os aspectos e só o fazemos para anular demanda ou impor a Justiça Divina na vida dos seres desequilibrados.

LEIA TAMBÉM "CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE XANGÔ"

[Texto extraído do livro: Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada, pág 157/159]
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