15 de mai. de 2017

Oxalá; Teogonia de Umbanda - Por: Rubens Saraceni

Oxalá é o Trono natural da Fé e é em si mesmo esse mistério divino, pois gera fé o tempo todo e a irradia de forma reta, alcançando a tudo e a todos. As hierarquias de Oxalá são formadas por seres naturais descontraídos, profundamente religiosos, calorosos e amorosíssimos.


Todo ser que prega fé com um sentimento puro de amor a Deus e a vivencia com virtuosismo está sob a irradiação de Oxalá. Todo ser que faz da prática da caridade religiosa um ato de fé em Deus é também amparado por Oxalá em sua irradiação abrasadora.


Os Mecanismos da Fé

A fé tem seus mecanismos, os quais são ativados a partir do íntimo ou do exterior das pessoas. Estes mecanismos, se bem ativados, são capazes de alterar a vida de uma pessoa em alguns, vários ou muitos aspectos.

Sim. Se os mecanismos da fé forem bem ativados, as pessoas alterarão seus comportamentos sociais, religiosos, morais e emocionais, dotando-se em pouco tempo de uma nova consciência. Este fato torna a fé a principal via evolutiva, já que os outros sentidos da vida possuem mecanismos cujas ativações são lentas ou difíceis de serem conseguidas.

Mas os mecanismos da fé, se ativados corretamente, conseguem retirar as pessoas de estados de espírito sombrios e alçá-las a estados excelsos num piscar de olhos.

Para um teólogo de Umbanda, a religiosidade das pessoas deve ser tratada com respeito e cuidados especiais, pois uma ativação incorreta dos mecanismos da fé pode fragilizá-las ainda mais, já que após ativá-los surgirá uma nova consciência e um novo senso de religiosidade nas pessoas orientadas por ele.

Os mecanismos corretos da fé são os desmistificadores, são os racionais, são os congregadores, são os universalistas e são os espiritualizadores, pois se fundamentam no aperfeiçoamento contínuo e na evolução permanente das pessoas.

Saibam que o senso religioso das pessoas pode ser trabalhado externamente quando elas estão passando por dificuldades sociais (problemas profissionais, matrimoniais, familiares, etc), momento em que se tornam receptíveis às mensagens.

Esse burilamento externo no sentido da fé das pessoas tem de ser acompanhado de uma mensagem socorrista e de algum resultado concreto e satisfatório quanto as dificuldades vividas por elas, senão o seu senso religioso não é alcançado e logo se afastam, procurando novamente outras alternativas religiosas.

Já o burilamento íntimo, no sentido da fé, tem de ser realizado por meio de uma mensagem redentora, pois as pessoas alcançadas por ela deverão desenvolver um novo senso religioso, todo calcado na fé e na modificação de suas condutas pessoais, de suas posturas sociais e religiosas e de suas expectativas. Assim, tornam-se beneficiárias mas também co-responsáveis pela ajuda a ser conseguida.

Ao bom sacerdote de Umbanda recomenda-se o uso dos dois recursos ao mesmo tempo, pois a espiritualidade está aí para ajudar as pessoas nas suas necessidades imediatas, de natureza material ou espiritual. E os sacerdotes estão aí para acolher estas mesmas pessoas necessitadas e incutir na sua mente a necessidade de uma mudança íntima quanto a Deus e a religiosidade a ser seguida por elas. Tudo isso, se bem realizado alterará totalmente suas vidas e as tornará mais resignadas, menos aflitas, mais confiantes em si e em Deus, e mais fraternas e respeitosas.

Portanto, lidando-se corretamente com o senso religioso das pessoas, com certeza sua atuação no sentido da fé será muito abrangente e muito profunda porque poderá burilar os mecanismos dos outros sensos e alterar as posturas, as expectativas e as necessidades delas em vários ou muitos outros sentidos da vida.

Reflitam sobre isso, porque talvez até alguns de vocês, futuros teólogos de Umbanda, estejam necessitando de um burilamento íntimo no sentido da fé e de uma modificação acentuada e profunda em seu senso religioso.

Observem-se intimamente e procurem descobrir se alguns mecanismos de sua fé não estão avariados, já que para identificá-los basta observarem suas expectativas e suas posturas em relação ao universo divino.

[Texto extraído do livro: Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada, pág 148/150]
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