16 de mai. de 2017

Oro Iná (Egunitá); Teogonia de Umbanda - Por: Rubens Saraceni

Orixá Oroiná
Como Justiça Divina é o fogo que purifica os sentimentos desvirtuados, então surge uma divindade cósmica ígnea, que é em si mesma, o Fogo da Purificação dos viciados e dos desequilibrados: "Oro Iná (Egunitá)"! Ela é unigênita porque foi gerada nesta qualidade cósmica do Divino Criador Olorum, e tanto a gera em si como gera de si.
Olorum tudo cria e a tudo gera. Na sua criação está sua estabilidade, e nos seres está sua mobilidade ou evolução incessante. Estabilidade e evolução, eis a sexta Irradiação Divina que está em tudo e todos, porque é uma qualidade do Divino Criador.

Olorum geral em si o fogo consumidor, que é uma de suas qualidades, pois é cósmico, está espalhado por toda a sua criação e criaturas, e onde surgir um desequilíbrio, o próprio magnetismo negativo do ser desequilibrado já começa a atrair, condensar e acumular este fogo que, quando atingir seu ponto de incandescência consumidora, o esgotará e o anulará.

Oro Iná (Egunitá) é, em si, esse fogo cósmico que está em tudo o que existe, mas diluído. Para ela atuar em nossa vida, não depende de nós, mas tão somente que nos tornemos "irracionais", aprisionados e desequilibrados.

Então temos na Umbanda, Oro Iná, Orixá cósmica consumidora dos vícios e dos desequilíbrios; purificadora dos meios ambientes religiosos (templos), das casas (moradas) e do íntimo dos seres (sentimentos). Nos rituais, ela é evocada para purificar os seres viciados, as magias negras, as injustiças, etc.

Oro Iná (Egunitá) é muito mais conhecida como uma das qualidades de Yansã do que como uma divindade do Fogo Cósmico, porque as lendas a definiram como uma Yansã.

Nossa mãe Oro Iná (Egunitá) é fogo puro e suas irradiações cósmicas absorvem o ar, pois seu magnetismo é negativo está atrai este elemento, com o qual se energiza e se irradia até onde houver ar para lhe dar esta sustentação energética e elemental.

Oro Iná é Orixá ígnea, de magnetismo negativo, seu fogo é cósmico e consumidor, enquanto o de Xangô é universal e abrasador.

O fogo de Xangô aquece os seres e torna-os calorosos, ajuizados e sensatos. O fogo de Oro Iná (Egunitá) consome as energias dos seres apaixonados, emocionados, fanatizados ou desequilibrados, reduzindo a chama interior de cada um (sua energia ígnea) a níveis baixíssimos, apatizando-os, paralizando-os e anulando seus vícios emocionais e desequilíbrios mentais, sufocando-os.

Como Oro Iná (fogo) é feminina, ela se polariza com Ogum (ar), que é masculino e lhe dá a sustentação do elemento que precisa, mas de forma ordenada e alcançam o objetivo que ela identificou.

Observem que a Lei e a Justiça são inseparáveis, e para comentarmos Oro Iná (Egunitá) temos que envolver Ogum, Xangô e Yansã, que são os outros 3 Orixás que também se polarizam e criam campos específicos de duas das 7 Linhas de Umbanda.

Entendam que, se em uma linha, ar e fogo se polarizam para aplicar a Lei (Ogum / Oro Iná) e, em outra, fogo e ar (Xangô / Yansã) se polarizam para aplicar a Justiça, é porque tanto o fogo e o ar quanto a Justiça e a Lei não são antagônicos, e sim complementares. O fogo, em verdade, não consome ou anula o ar, mas tão somente o energiza com seu calor. E o ar não apaga o fogo, mas apenas o expande ou o faz refluir.

A Justiça não anula a Lei, mas sim dota-a de recursos legais (jurídicos) para que possa agir com mais desenvoltura. E a Lei não anula a Justiça, mas sim dota-a com recursos para que se possa impor onde injustiças estejam sendo cometidas.

[Texto extraído do livro: Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada, pág 163/164]


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