21 de nov. de 2016

Um breve Ensaio Sobre a Intolerância - Por: Pablo Araújo


A intolerância passa a existir quando a crença e a convicção da verdade se abala diante do questionamento que busca um momento de sabedoria. A arrogância e a cólera são frutos do medo do questionamento que revela ignorância, despindo assim a indumentária ou vestimenta "sacra" que encobre com a soberba a alma frágil, que trêmula recorre a violência, qualidade ímpar nos animais irracionais. 


A intolerância advém do rei que se vê desafiado diante do questionamento do súdito, justamente por se achar superior. O questionamento só é visto como desafio quando o questionado ao ser interpelado pelo seu interlocutor vê suas verdades diluídas diante do mundo que evolui incessantemente, e dessa forma reage violentamente com as armas que protege seu ego inflamado pelo suposto "desafio" e dispara acovardado: “seu Negro” (crítica sustentada por uma crença em uma raça superior), “seu pobre” (crítica sustentada por uma crença em uma classe social superior), “sua puta” (crítica sustentada por uma crença em uma conduta superior), “seu macumbeiro” (crítica sustentada por uma crença em uma religião superior), “seu viado” (crítica sustentada por uma crença em uma relação afetiva superior), “empregada” (crítica sustentada por uma crença em uma profissão superior), “nordestino” (crítica sustentada por uma crença em uma cultura superior), “cabelo de bombril” (crítica sustentada por uma crença em uma beleza capilar superior), etc.

Pronto! Eis que nasce a intolerância gerada no ventre da verdade inquestionável e absoluta, fundamentada no medo e no temor, inflamada pelo ego que travestida de humildade e ecumenismo hipócrita se enaltece nos holofotes direcionados ao púlpito. 

A intolerância nasce do reativo, nasce daquele que por ser "brocha" pauta sua existência julgando a vida dos outros; ela, a intolerância é fruto da ação alheia e fica a espreita de uma ação externa, pois não vive com sua energia, ela se alimenta da ação dos outros. Num mundo plural, haja visto a fauna, a flora e a "digital do dedão", que por ser única, individualiza tudo. Não existe uma digital igual a outra, sendo assim, não existe um ser humano igual ao outro e não existindo um ser igual ao outro, não existe uma crença igual a outra. Ou seja, é na singularidade de cada um que nasce a pluralidade, e o respeito é regra básica e prova de sabedoria, pois nos reconhecendo como singulares e ímpares, resta-nos aceitar e compreender a nossa diferença diante do mundo e a diferença do mundo diante de nós. 

"Não somos iguais a ninguém e por isso devemos respeitar indistintamente"... É justamente por não sermos iguais a ninguém que somos singulares. 

A igualdade sempre “deve ser” perante ao singular. Somos iguais quando reconhecemos no outro o direito de ser quem ele é. Tal como no corpo biológico existe o coração e o intestino que são singulares pois desempenham funções diferentes, porém se são singulares tendo cada um a sua particularidade, eles se igualam na manutenção vital do corpo. 

Sendo assim, concluímos que a diferença é necessária e vital para evolução da sociedade, desde que voltada ao bem comum, tal como o coração e o intestino, que embora sejam diferentes no particular, se igualam no coletivo, pois ambos estão voltados para a manutenção do bem comum do corpo.

Cada um que exerça sua liberdade como bem entender, mas que essa mesma liberdade não seja o constrangimento da liberdade alheia.


Por: Pablo Araújo de Carvalho
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