2 de nov. de 2016

A Diferença entre Omolu e Obaluaê



Em termos mais estritos, Obaluaê seria a forma mais jovem do Orixá Xapanã, enquanto Omolu a sua forma velha. Como porém, Xapanã, no início da formação dos cultos afro brasileiros era proibido tocar em seu nome fora dos terreiros, não devendo ser mencionado, pois poderia atrair suposta doença inesperada. Além do texto abaixo, fizemos um vídeo falando sobre os 2 Orixás:
Assim, a expressão Omolu é a que mais se popularizou e acabou sendo confundida não apenas com a forma mais velha do Orixá, mas com sua essência genérica em si. Esta distinção se aproxima da que existe entre as formas básicas de Oxalá: Oxalá (o Crucificado), Oxaguiã a forma jovem e Oxalufã a forma mais velha. 

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A figura de Omolu-Obaluaê, assim como seus mitos, é completamente cercada de mistérios e dogmas indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica vibratória do Orixá tanto o poder de causar a doença como o de possibilitar a cura do mesmo mal que criou.

Em algumas narrativas mais tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original da divindade se referia ao Deus da varíola, tal visão porém, nos parece uma evidente limitação. A varíola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente pôr ser a epidemia mais devastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original africana, onde surgiu Omolu-Obaluaê, o Daomé. 
Assim, sombrio e grave como Iroco, Oxumarê (seus irmãos) e Nanã (sua Mãe), Omolu-Obaluaê é uma criatura da cultura Jeje, posteriormente assimilada pelos Iorubás. 

Enquanto os Orixás Iorubanos são extrovertidos, de têmpera passional, alegres, humanos e cheios de pequenas falhas que os identificam com os seres humanos, as figuras Daomeanas estão mais associadas a uma visão religiosa em que o distanciamento entre Deuses e seres humanos se estruturou de uma maneira bem ampla e complexa. Quando havia aproximação, havia de se temer, pois alguma tragédia estaria para acontecer, pois os Orixás do Daomé eram austeros no comportamento mitológico, graves e conseqüentes em suas ameaças. 

A visão de Omolu-Obaluaê para os antigos Daomeanos era a do castigo. Se um ser humano faltava com ele ou um filho-de-santo seu fosse ameaçado, o Orixá castigariia com violência e determinação, sendo difícil uma negociação ou um aplacar, mais prováveis nos Orixás Iorubás.

Na Umbanda a diferença entre esses Orixás se coloca de forma mais prática. São vistos como Tronos de Deus que subsistem e se manifestam na natureza e na vida através das energias que irradiam. 

As energias se diferem primeiramente pelo ponto de força. Os dois são representados pela terra, porém a terra de Omolu é mais seca, fazendo contraponto a imensidão do oceano de Iemanjá, ele representa o todo componente de terra firme dos continentes. A terra de Obaluaê já tem ligação com as margens de lagos e pântanos, águas paradas ligadas Nanã. Assim a terra propensa a germinação, ao crescimento de folhas, plantas, árvores, havendo ligada a vibração a Obaluaê.

Na Umbanda, Omolu é estabilizador, mais concreto, absorvedor estando no polo negativo da mãe Iemanjá que é positivo. Obaluaê é evoluidor, expansivo, irradiador estando no polo positivo da mãe Nanã que é negativo. 

Omolu formata a linha em que trabalham os Exús, já Obaluaê formata junto a Oxalá a linha em que trabalham os Pretos Velhos.

Omolu atua nos seres humanos pelo chacra básico, enquanto Obaluaê está presente pelo chacra esplênico.

Para muitos umbandistas a vela que se acende para Omolu é preta ou roxa, já para Obaluaê é violeta.

* Referencias. Luis Antonio Modesto / Rubens Saraceni/ Pierre Verger



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